Recordando as palavras de Joaquim Namorado. Tão vivas e necessárias como nos anos quarenta...
Já não há mordaças, nem ameaças, nem algemas,
que possam perturbar a nossa caminhada,
em que os poetas são os próprios versos dos poemas
e onde cada poema é uma bandeira desfraldada.
Ninguém fala em parar ou regressar
Ninguém teme as mordaças ou algemas
-- o braço que bater há-de cansar
e os Poetas são os próprios versos dos poemas.
Versos brandos... Ninguém mos peça agora.
-- Eu já não me pertenço: sou da Hora.
E não há mordaças, nem ameaças, nem algemas,
que possam perturbar a nossa caminhada
onde cada poema é uma bandeira desfraldada
e os poetas são os próprios versos dos poemas.
(Sidónio Muralha, in Passagem de Nível, Coimbra, «Novo Cancioneiro», 1942, pp.22-23)